
Megaoperação no Complexo do Alemão e Penha expõe a violência estrutural e o racismo nas políticas de segurança do Rio de Janeiro, com mais de 130 mortos
Uma megaoperação policial realizada nas comunidades do Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre a governança securitária e a desigualdade estrutural no Brasil.
A ação mobilizou cerca de 2.500 agentes apoiados por blindados, drones e helicópteros, sob o argumento de combater o Comando Vermelho (CV), uma das principais facções criminosas do país.
Segundo dados preliminares, o número de mortos pode ultrapassar 130 pessoas, tornando o episódio uma das operações mais letais da história recente.
As autoridades estaduais justificam a ação como parte da “luta contra o crime organizado”, mas defensores de direitos humanos denunciam um padrão de violência sistemática nas favelas, onde a maioria das vítimas é composta por jovens negros e pobres.
Especialistas afirmam que a operação reflete uma política de segurança pública que prioriza o confronto em detrimento da inclusão social.
Sob a ótica das Relações Internacionais, o episódio traduz a tensão entre o monopólio da força estatal e a persistência de desigualdades históricas. A retórica do “narco-terrorismo” e da “guerra ao crime” legitima o uso excessivo da força, fragilizando os princípios democráticos e os direitos humanos.
A operação, comparada ao Massacre do Carandiru de 1992, expõe um modelo de Estado que, incapaz de integrar, recorre à violência como instrumento de afirmação.
Fonte: Integrity
Foto: Reprodução/Agência Brasil