Venâncio Mondlane desafia a PGR: "Se quiserem prender-me, estou pronto"

Venâncio Mondlane enfrenta nova audição na PGR e diz estar pronto para qualquer consequência

Venâncio Mondlane enfrenta nova audição na PGR e diz estar pronto para qualquer consequência

Maputo, 27 de Junho de 2025 – O ex-candidato presidencial e membro da oposição moçambicana, Venâncio Mondlane, foi notificado pela Procuradoria da República na Cidade de Maputo para comparecer a uma nova sessão de audição esta sexta-feira. 

A notificação inclui uma advertência: a ausência poderá resultar numa multa que varia entre um e cinco salários mínimos, ou mesmo levar à detenção.

A expectativa em torno da audição é elevada, com previsão de forte presença policial e mobilização de apoiantes do político, o que poderá levar a perturbações na circulação na capital.

Em declarações exclusivas à Integrity, Mondlane mostrou-se despreocupado com as possíveis consequências. 

“Se quiserem prender-me, que prendam. Estou pronto. Um homem que já morreu para o mundo não teme mais nada”, disse, acrescentando com ironia que a próxima entrevista poderá ser feita na Brigada de Homicídios (B.O.).

Mondlane criticou o primeiro interrogatório conduzido pela Procuradoria, no qual afirma ter sido ouvido por mais de dez horas sem que lhe fosse apresentada a acusação formal. 

“Se me interrogaram sem dizer qual é o crime, então todo o processo é inválido. Agora querem remendar o erro, mas já é tarde”, afirmou.

A sua defesa avançou esta semana com um pedido formal de diligências, solicitando a audição de figuras-chave como o antigo comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, o presidente da Comissão Nacional de Eleições, Dom Carlos Matsinhe, a presidente do Conselho Constitucional, Lúcia Ribeiro, e ainda testemunhas que se dizem vítimas da repressão policial durante os protestos pós-eleitorais. Todos os indicados aceitaram prestar depoimentos.

O processo contra Mondlane ocorre num momento de tensão política, um dia depois de outros membros da Coligação Aliança Democrática, Manecas Daniel e Justino Mondlane, também terem sido chamados pela PGR. 

À saída, acusaram o sistema judicial de ser instrumento de repressão do regime, denunciando uma perseguição política sistemática.

Críticos do governo apontam a Procuradoria como cúmplice do poder, por supostamente ignorar crimes cometidos por figuras ligadas ao partido no poder, apesar de denúncias públicas e encaminhamentos feitos por instituições como o Conselho Constitucional.

Nos bastidores, cresce o receio de que uma eventual detenção de Venâncio Mondlane possa provocar uma nova onda de protestos e agravar ainda mais a já frágil estabilidade política em Moçambique.

Fonte: Integrity Moçambique, 27 de Junho de 2025.

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