
TotalEnergies é acusada de pressionar o Governo moçambicano ao anunciar a retoma do projeto de gás em Cabo Delgado com exigências controversas

A petrolífera francesa TotalEnergies anunciou recentemente o levantamento da cláusula de “força maior” e a retoma do projeto de Gás Natural Liquefeito em Palma, Cabo Delgado.
A decisão, tornada pública através das redes sociais, surpreendeu o Governo moçambicano, que considerou inadequado o formato da comunicação.
Segundo o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, a empresa deveria ter informado oficialmente o Presidente da República antes de divulgar a notícia.
“Fomos surpreendidos por uma carta que circula nas redes sociais. O mais adequado seria comunicar pelos canais oficiais”, afirmou Impissa em conferência de imprensa.
Analistas consideram que a postura da TotalEnergies representa uma forma de pressão sobre o Executivo para aceitar exigências impostas, como a isenção de impostos, a extensão do contrato de concessão por dez anos e garantias de segurança reforçadas na região.
O sociólogo Anastácio Tijo interpreta a estratégia como uma tentativa de influenciar a opinião pública e demonstrar poder num contexto de instituições frágeis.
Já o economista Egas Daniel vê a proposta da empresa como exagerada e acredita que a TotalEnergies está a aproveitar a vulnerabilidade económica de Moçambique para obter benefícios adicionais.
O Governo, por sua vez, enfrenta agora o desafio de renegociar condições que não comprometam os interesses nacionais.
Fonte: Deutsche Welle (DW) – https://p.dw.com/p/52n05
Foto: Waltraud Grubitzsch/dpa/picture alliance