
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, voltou a aumentar as metas salariais que pretende alcançar no país, afirmando agora ambicionar que o salário mínimo nacional atinja os 1.600 euros e o salário médio chegue aos 3.000 euros. As declarações foram feitas no encerramento do X Congresso Nacional dos Autarcas Social-Democratas, realizado no Porto.
A posição do chefe do Executivo gerou forte reação do PCP. O secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, acusou Montenegro de “gozar com quem trabalha”, classificando as metas anunciadas como “uma afronta e um desrespeito”, sobretudo por serem apresentadas no contexto da possível alteração das leis laborais.
Segundo Raimundo, a proposta do Governo ignora que trabalhadores com vínculos precários ganham, em média, menos 20% que os restantes. O dirigente comunista alertou ainda que a reforma laboral defendida pelo Executivo poderá “generalizar a precariedade” e fragilizar direitos essenciais, razão pela qual apelou à participação na greve geral marcada para 11 de dezembro.
Também a CGTP-IN repudiou as declarações do primeiro-ministro, considerando-as um “ato desesperado”. A central sindical afirmou que os números apresentados por Montenegro revelam “um enorme afastamento e falta de respeito” pela realidade de milhões de trabalhadores que enfrentam dificuldades em garantir habitação, alimentação e pagamento de serviços básicos.
Em comunicado, a CGTP acusou o Governo de recorrer a “malabarismo de palavras e números” numa tentativa de desvalorizar a crescente adesão à greve. A organização defende que o pacote laboral proposto representa um “retrocesso social e económico”, por, alegadamente, favorecer interesses patronais e limitar direitos como contratação coletiva, greve e proteção sindical.
As críticas surgem um dia depois de Montenegro ter apontado metas ainda mais baixas — 1.500 euros para o salário mínimo e entre 2.000 e 2.500 euros para o salário médio — números que foram revistos pelo próprio no dia seguinte.