
Ativistas acusam forças da ordem de intimidação e bloqueio de protesto pacífico
O protesto popular marcado para este sábado (31 de maio) em Nampula, contra a escassez de combustível que tem afetado diversas regiões do país, foi neutralizado antes mesmo de começar.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) mobilizou-se com antecedência e impediu a concentração de manifestantes no ponto de partida, o mercado Waresta.
A presença policial foi massiva e estratégica. Ainda durante as primeiras horas da manhã, agentes do Comando Distrital montaram barreiras e isolaram completamente a área, impedindo qualquer tipo de aglomeração. A ação foi suficiente para desmobilizar o protesto.
Entre os poucos que conseguiram chegar ao local estavam os ativistas Sismo Eduardo Muchaiabande e Gamito dos Santos, que relataram ter sido abordados por membros da polícia. “Conversámos com o chefe das operações.
Ele disse que compreendia a nossa causa, mas justificou a ação policial com argumentos de segurança. Disseram que não estavam a ordenar o fim da manifestação, apenas a pedir. Mas um pedido cercado por agentes armados soa mais como uma ordem”, lamentou Gamito.
A manifestação visava chamar atenção para a crise de combustíveis, cujos efeitos têm sido sentidos por toda a população, sobretudo pelos mais vulneráveis. Ainda que tenha sido comunicada às autoridades com a devida antecedência, o protesto foi impedido sem qualquer decisão judicial.
Gamito dos Santos afirmou que compareceu ao local para manter viva a esperança da população. “Sabíamos que o povo precisava de um sinal. Mesmo que não tenha havido marcha, mostramos que há quem queira resistir.”
A ação da PRM é vista por ativistas e observadores como um bloqueio ao exercício de direitos fundamentais consagrados na Constituição, como a liberdade de reunião e manifestação.
Fonte: Jornal Ao Minuto