
Enquanto crianças angolanas vagueiam pelas ruas de Windhoek a pedir esmolas, o Governo de Angola silencia. A denúncia veio do próprio ex-Presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, que exige políticas concretas para evitar o que chamou de “constrangimento internacional”.
Em Angola, a reação foi de resignação. Organizações da sociedade civil dizem que o alerta já havia sido dado há anos. Xavier Kaulinanga, ativista no Cunene, acusa Luanda de virar as costas ao povo: “Não há empregos, não há escolas, não há pão. As famílias fogem para onde há esperança”.
O padre Jacinto Pio Wacussanga, da Huila, reforça a denúncia: “Em 2012 dissemos o que poderia acontecer. Fomos tratados como inimigos”. Segundo ele, nem os compromissos internacionais de Angola com os direitos da criança são levados a sério.
O fenómeno alastra-se pelas províncias do Cubango e Cuando, empurrando crianças para fora do país. Para Alberto Viagem, da ONG AJUDS, “a pobreza e a disparidade entre os dois países são a causa real do drama”.
Apesar das tentativas da DW, o Ministério da Ação Social continua sem resposta. A indignação cresce. “Sem sensibilidade humana, nenhuma política vai resolver o sofrimento destas crianças”, lamenta o padre Wacussanga.