AIEA alerta que Irão poderá enriquecer urânio dentro de meses apesar de ataques
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, alertou que o Irão poderá retomar a produção de urânio enriquecido nos próximos meses, apesar dos recentes ataques realizados pelos Estados Unidos e Israel contra instalações nucleares estratégicas.
Grossi afirmou que o conhecimento técnico iraniano é irreversível e que o país tem capacidade para reiniciar rapidamente o seu programa de enriquecimento.
Em entrevista à CBS News, Grossi afirmou: "As capacidades que eles [os iranianos] têm estão lá. Podem, em questão de meses — diria, com algumas cascatas de centrífugas em funcionamento — começar a produzir urânio enriquecido, ou até antes disso."
O diretor acrescentou que não é possível afirmar que toda a infraestrutura foi eliminada com os ataques recentes.
Os Estados Unidos garantiram que destruíram alvos nucleares significativos no Irão, incluindo instalações em Fordow, Natanz e Isfahan.
No entanto, o Irão insiste que o seu programa nuclear é exclusivamente pacífico e nega qualquer intenção de desenvolver armas nucleares.
Entretanto, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, denunciou ameaças iranianas contra Grossi, banido da República Islâmica.
Um jornal iraniano ultraconservador chegou a pedir a execução do responsável da AIEA, acusando-o de espionagem e manipulação de dados em benefício de Israel.
O conflito intensificou-se no início de junho, quando Israel lançou uma ofensiva contra alvos iranianos, alegando prevenir a criação iminente de uma arma nuclear.
A operação resultou numa guerra aérea de 12 dias que envolveu os Estados Unidos.
Especialistas ocidentais alertam que, apesar da destruição de infraestruturas, o avanço técnico do Irão representa uma ameaça contínua, uma vez que o conhecimento científico adquirido não pode ser apagado.
O paradeiro do urânio altamente enriquecido iraniano antes dos bombardeamentos permanece incerto, com suspeitas de que parte do material tenha sido deslocado.
Fonte: Deutsche Welle | DW.com (com Reuters e Lusa)