Humoristas Gilmário Vemba, Hugo Sousa e Murilo Couto impedidos de entrar em Moçambique e cancelam espetáculo em Maputo
Os humoristas Gilmário Vemba, de Angola, Hugo Sousa, de Portugal, e Murilo Couto, do Brasil, foram impedidos de entrar em Moçambique neste domingo (20), o que resultou no cancelamento do espetáculo que tinham agendado em Maputo.
A informação foi avançada pelo próprio Gilmário Vemba, numa transmissão em direto no Instagram, feita a partir do Aeroporto Internacional de Maputo.
Segundo Vemba, os três humoristas aguardavam autorização para entrada no país desde as 14h00 locais (13h00 em Lisboa), mas foram barrados pelas autoridades moçambicanas sem qualquer explicação formal.
"Infelizmente não vamos conseguir fazer o espetáculo", lamentou o humorista angolano, confirmando também o reembolso dos bilhetes adquiridos pelo público.
O espetáculo, que integrava o projeto "Tons de Comédia", estava marcado para as 17h00 locais no Centro Cultural China Moçambique, em Maputo.
De acordo com a produtora Showtime, que acompanhava os artistas através do agente Pedro Gonçalves, o grupo chegou a Maputo vindo de Luanda, onde haviam realizado um show na noite anterior.
As autoridades moçambicanas, nomeadamente o Serviço Nacional de Migração (SENAMI), foram contactadas pela Agência Lusa, mas não forneceram esclarecimentos sobre a retenção dos artistas no aeroporto.
A situação gerou reações políticas. Dinis Tivane, assessor do político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, afirmou no Facebook que a retenção teria sido motivada por posicionamentos públicos de Gilmário Vemba.
Em julho de 2024, o humorista havia se encontrado com Mondlane em Lisboa, compartilhando simpatia pela expressão “Anamalala”, em língua macua, que significa “vai acabar” ou “acabou”.
O termo foi popularizado por Mondlane durante protestos contra os resultados das eleições gerais de 9 de outubro de 2024, que ele não reconhece.
Moçambique tem vivido um ambiente de tensão política e social desde as eleições, com manifestações e confrontos que, segundo organizações não-governamentais, resultaram na morte de cerca de 400 pessoas em conflitos com a polícia.
As hostilidades começaram a diminuir após encontros de reconciliação entre Mondlane e o presidente eleito Daniel Chapo.
Esta não é a primeira vez que Gilmário Vemba se apresenta em Moçambique, porém, em ocasiões anteriores, não houve qualquer impedimento à sua entrada.
Fonte: SIC Notícias / Lusa
