
"Não Temos Dinheiro É a Música do Governo" – Mariza Missa Critica Corte de Subsídios a Estudantes de Medicina

A analista política Mariza Missa manifestou-se contra a recente decisão do Governo moçambicano de retirar os subsídios atribuídos aos estudantes finalistas de medicina em universidades públicas, considerando a medida como um retrocesso grave e injustificável.
Falando durante um debate transmitido pela TV Miramar, Mariza Missa questionou os fundamentos desta decisão governamental, que ocorre num contexto de constantes reivindicações por parte dos estudantes devido a atrasos no pagamento dos seus subsídios.
“Melhorar o sistema de saúde? Não. Isso é uma decisão negativa. Os estudantes estavam a reivindicar um direito. E ao invés de resolver, o Governo retira esse direito. Não vejo razão de ser”, declarou Missa.
A analista sublinhou que a maioria dos estudantes de medicina vem de famílias carenciadas, e que o subsídio representava uma ajuda crucial na continuidade dos estudos. Ela classificou como insensível o corte completo da assistência financeira.
“Estamos a retirar a esses jovens o que os ajudava a realizar o sonho de serem médicos. Não acredito que essa decisão tenha sido feita para melhorar o sistema de saúde, mas sim porque o Governo insiste no velho refrão de que ‘não temos dinheiro’. Esta é uma música do nosso Governo”, criticou.
Missa também chamou atenção para a incoerência das autoridades ao alegarem falta de recursos, ao mesmo tempo que promovem acções públicas com custos elevados.
“Ontem o Governo disse ao microfone que não havia dinheiro, mas hoje assistimos a marchas e eventos públicos. De onde sai esse dinheiro?”, questionou.
Para ela, o corte total do subsídio não representa uma solução viável. [Veja mais aqui] Defende que, em caso de dificuldades orçamentais, o mais sensato teria sido reduzir o valor, e não suprimi-lo completamente.
“Se o Governo dissesse: ‘Vamos reduzir o subsídio de 20 meticais para 15’, entenderíamos. Mas cortar 100% é aniquilar aquilo que é o bem maior: a vida”, sublinhou.
Ao encerrar, a analista lamentou o facto de a decisão ter sido tomada pelo Conselho de Ministros, composto por “pessoas mais velhas” que, segundo ela, falharam em considerar o impacto real da medida sobre os jovens estudantes.
“Foi uma decisão tomada de forma apressada, sem reflexão. Precisamos repensar antes de tomar medidas que podem comprometer o futuro do país”, alertou.
Fonte: TV Miramar