
Detenções de jornalistas no Senegal após entrevistas com empresário exilado geram protestos e questionam a liberdade de imprensa no país
A detenção violenta de dois jornalistas no Senegal provocou fortes protestos e renovou as preocupações sobre a liberdade de imprensa num país tradicionalmente visto como democrático e estável.
As detenções ocorreram após entrevistas com o empresário Madiambal Diagne, atualmente em França e alvo de um mandado internacional emitido pelo Governo senegalês.
A diretora do canal 7TV, Maïmouna Ndour Faye, foi detida por gendarmes fortemente armados durante a transmissão da entrevista gravada com Diagne.
Segundo o editor-chefe da estação, Séckou Diémé, os agentes invadiram as instalações e tentaram levá-la à força. A jornalista foi acusada de “atentado à segurança do Estado e à autoridade da justiça”.
O diretor da rádio RFM, Babacar Fall, também foi detido na manhã seguinte, após entrevistar Diagne em direto.
“A polícia entrou nas nossas instalações e levou Babacar Fall algemado”, relatou um jornalista no ar. Pouco depois, dois outros profissionais do mesmo grupo foram libertados.
O sinal da 7TV foi suspenso por várias horas, juntamente com o da TFM, gerando indignação entre profissionais da comunicação social e organizações de defesa dos direitos humanos.
A Amnistia Internacional exigiu a libertação imediata dos jornalistas e condenou “a invasão das redações e a suspensão arbitrária das emissões”.
O empresário Madiambal Diagne, proprietário do grupo Avenir Communication e crítico do Governo, enfrenta acusações de transações financeiras suspeitas.
A sua detenção e o tratamento dado aos jornalistas aumentam as preocupações sobre o espaço de liberdade no Senegal, especialmente após as promessas de reformas feitas pelo novo presidente, Bassirou Diomaye Faye.
Fonte: Deutsche Welle (DW)
Foto: SEYLLOU/AFP